
Após 74 anos casados, Odileta e Paschoal faleceram no mesmo dia e foram velados juntos, como se ignorassem a jura do casamento “até que a morte os separe”.
Depois do falecimento do casal, os filhos abriram o cofre da família e encontraram um verdadeiro tesouro emocional: cartas de amor trocadas entre os dois.
Em uma delas, Pachoal escreveu:
“Querida Dileta, em primeiro lugar, desejo que ao receber minha primeira carta cheia de amor esteja gozando a mais perfeita saúde e felicidade.”
O casal se conheceu em uma praça de Votuporanga (SP), ao lado da igreja matriz. Paschoal girava um cordão de pescoço, que escapou e acertou Odileta. Ela devolveu o colar, e ele respondeu:
“A correntinha foi certeira feito a flecha de cupido.”
Namoraram por quatro anos e se casaram em uma festa de três dias. A relação era marcada por carinho constante.
“Era beijo pra lá, beijo pra cá. A gente até falava: ‘pelo amor de Deus, vamos tomar café, depois vocês continuam se beijando’”, lembra uma das filhas.
Eles trabalhavam juntos na loja de calçados da família, almoçavam e jantavam sempre lado a lado. Tiveram seis filhos.
Com o tempo, os sinais do Alzheimer começaram a aparecer. Odileta esquecia receitas, deixava o fogão ligado. Paschoal cuidava de tudo, limpava panelas queimadas e pedia conforto para a esposa em orações. Mesmo com a doença, ela continuava rezando e aplicando passes no marido.
Em 2023, Paschoal foi diagnosticado com câncer. A família se uniu para apoiá-lo. Até a bisneta mais nova ajudava a alegrar os dias do avô. “Às vezes ele colocava até uma roupa dela e ela achava o máximo”, contou uma das filhas.
A separação só veio com as internações. Paschoal sentia a ausência da esposa e fazia preces acariciando o travesseiro. “Ele tinha muito aquela solidão”, lembrou o genro.
Fonte: G1
